BRASIL: ACIDENTE COM ÔNIBUS MATA 15 E DEIXA MAIS DE 60 FERIDOS EM PARATY (RJ)
07/09/2015 23:48A polícia do Rio de Janeiro está investigando se a superlotação e a má conservação de um ônibus foram as causas de um acidente grave, em Paraty, no litoral sul do estado. Quinze pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas.
A viagem até a praia levaria meia hora. Terminou com vidas interrompidas. Juliana ia se formar na faculdade no ano que vem.
“Minha filha única, estava se formando em direito. Eu não sei o que fazer”, lamenta o pai de Juliana, Waldemar dos Santos.
O pai de Juliana, a mãe de Bruno. Desconhecidos se uniram na tristeza do acidente de Paraty.
“O meu filho veio de ônibus. Agora vai num caixão embora”, diz Yara da Silva, mãe de Bruno.
O filho de Yara foi a primeira vítima a ser reconhecida. Na tarde deste sábado, ela foi protestar em frente à empresa de ônibus.
“O meu filho tinha 26 anos. E eles sabiam que ia acontecer isso. Colocar estes ônibus todo estragados. Eu quero o meu filho de volta e vocês não vão me dar o meu filho de volta. Por mim não sai nenhum ônibus daqui mais. Nenhum” protestou a mãe.
Dona Vanilda também morreu no acidente. Ela estava viajando com os dois filhos. Mas apenas um estava no ônibus. O bancário Guilherme Santana Paixão, de 22 anos ficou ferido. As fotos são os últimos registros da viagem.
“Ela trabalhava como doméstica, quando ela chegou aqui em São Paulo. Criou a gente sozinha”, lembra Josimeire Santana Moura, filha da dona Vanilda.
O ônibus da empresa Colitur fazia o trajeto de menos de 30 quilômetros entre o centro de Paraty e a praia de Trindade.
A saída era de hora em hora. Mas o das onze da manhã do domingo tombou numa curva. Em uma página numa rede social, várias denúncias de má conservação dos ônibus da empresa responsável pelo percurso. O termo “tragédia anunciada” aparece várias vezes. Uma pessoa fala que só de entrar no ônibus da empresa já é risco. Tem até imagens de um ônibus pegando fogo, isso em 2012.
Os sobreviventes do acidente de domingo lembram cada instante do que aconteceu na curva.
“Eu lembro que estava tudo bem. Ele estava indo super devagar, subindo. Ele pegou a primeira ladeira, o ônibus começou a ficar desgovernado e a gente começou a gritar pra ele ir mais devagar. E ele gritou três vezes que não tinha o que fazer. Não tinha freio. Então ele fez a opção talvez, eu acho, pra jogar do lado direito pra pegar o barranco porque do lado esquerdo era um abismo. Ia morrer todo mundo”, diz a sobrevivente Sandra Ramanhole.
A polícia confirmou a impressão que os passageiros tinham desde a rodoviária. O ônibus, com capacidade para 45 pessoas, levava quase o dobro.
“Está claro que não pode andar com tanta gente assim. Tem que ter mais cautela pra que não venha a acontecer novamente porque infelizmente vidas se foram”, afirma a sobrevivente Sandra Silveira.
O ônibus foi desvirado e vai ser levado pra uma nova perícia. Olhando pro que sobrou, a gente nota que não é um ônibus novo e olhando mais de perto a gente enxerga outros detalhes, como por exemplo o pneu dianteiro careca. Isso numa estrada íngreme, cheia de subidas e descidas no caminho entre Trindade e Paraty.
O funcionário da empresa disse que o ônibus tinha sido vistoriado. “Os pneus não estavam carecas. Este carro foi feita vistoria em Angra na semana passada. É só você ver direitinho que o meio do pneu, o pneu comeu na hora que ele derrapou ali, o pneu saiu comendo tudinho aqui. Ali na pista, o perito tirou ontem a parte que ele foi comendo na pista, o pneu”, afirma Mário Batista, funcionário da empresa de ônibus.
A polícia está investigando o acidente. Com os feridos procurando os pertences e os policiais ouvindo testemunhas, o hospital e a delegacia pareciam um só cenário de tristeza em Paraty. A cidade cancelou o desfile de 7 de setembro. Este foi o feriado da solidariedade.
A polícia informou que o laudo da perícia fica pronto em até 30 dias. Quatro mortos na tragédia ainda não foram identificados. A empresa Colitur, dona do ônibus, declarou que está apurando as causas do acidente e que vem prestando assistência às vítimas e às famílias.
Formosa News, a informação a todo o momento. Fonte: G1
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